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parole, parole, parole


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Do que viu e ouviu, o escritor regressa com os olhos vermelhos, com os tímpanos perfurados. (Gilles Deleuze)

Parole, parole, parole, cantam Mina e Lupo. Amar na língua dos outros. Rebentar. Os postulados, os modelos, as explicações. O significado e a comunicação. A arte e a crítica ­— não decifrar mas acrescentar. Nada a descobrir pois é a obra que possui a verdade da crítica. Momento suspenso. Apenas o fôlego. Indisciplinar a cadeia significante e retirar-lhe o direito de senhoria. Nada a dizer sobre “o que é que isto quer dizer?”. Deslocar a linguagem para que a obra trace a sua experiência do mundo, sem possibilidade de conversão.






parole, parole, soltanto parole

A mão. A máquina, o estereótipo, a arte ­—­ produção da velha sintaxe, o estado fanático da lei que agita os cadáveres preservando os nomes. O programa da conveniência e da exclusão. A impotência de compromissos institucionais e a lógica da ordem em putrefacção que  a retórica disciplinar tem para assegurar como forma de auto - ajuda. A força revolucionária tornada  gramática para o realismo especulativo. O empreendedorismo do artista configurado em modelo destinado ao êxito e às virtudes do chic. A mão e o solilóquio. A exaustão do fracasso. Discursos oficialmente aceites. Buzzwords. A carreira, o artista, o sucesso, o coleccionador, o especialista, o espectador, a crítica, a autoria, a falsificação. Buzzwords. Está por demonstrar a utilidade e o valor da definição de arte, escreveu Marcel Broodthaers. E mais disse : é seguro que o comentário sobre arte acompanhe o movimento económico.(...) A arte adorna as nossas burguesas paredes como signo de poder. O desempenho, a acumulação e a corrupção. A ideologia espontânea da boa consciência.





una parola ancora
parole, parole, parole

Escrever. Isso quer dizer também cantar, às vezes, disse Marguerite Duras. A ondulação da vertigem e sempre os mesmos sinais, os mesmos segredos. Afundar-se nas margens da escrita. O limite como desafio. Para o seguinte. Quebrar a violência do adestramento, a permissão de tudo abandonar. A liberdade que igualmente se deve libertar das prisões que ela própria esconde, como Hegel formulou. Talvez pudéssemos ter uma escrita inclinada como as linhas de certas rochas para aí se cumprirem todos os recomeços.

On connaît la chanson, como no filme de Alain Resnais. Rebento.  Desafinar as palavras. A arte na forma de um coup de foudre, de maneira precisa e insistente. Sem exigência. Ouvir-se falar no corpo próprio da obra. No corpo.

Che cosa sei, che cosa sei, che cosa sei. Ainda a voz. A ela pertence toda a escrita amorosa.




una parola ancora
parole, parole, parole


Escrever. Isso quer dizer também cantar, às vezes, disse Marguerite Duras. A ondulação da vertigem e sempre os mesmos sinais, os mesmos segredos. Afundar-se nas margens da escrita. O limite como desafio. Para o seguinte. Quebrar a violência do adestramento, a permissão de tudo abandonar. A liberdade que igualmente se deve libertar das prisões que ela própria esconde, como Hegel formulou. Talvez pudéssemos ter uma escrita inclinada como as linhas de certas rochas para aí se cumprirem todos os recomeços.

On connaît la chanson, como no filme de Alain Resnais. Rebento.  Desafinar as palavras. A arte na forma de um coup de foudre, de maneira precisa e insistente. Sem exigência. Ouvir-se falar no corpo próprio da obra. No corpo.

Che cosa sei, che cosa sei, che cosa sei. Ainda a voz. A ela pertence toda a escrita amorosa.


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