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VAGAMENTE UM SEGREDO OU UM ABRIGO PARA TÃO LONGA FUGA





Na tela há, afinal, tantas coisas? Há a força de um sonho estabilizado, tão duro como a carapaça de um insecto e cheio de patas apontadas a todos os sentidos do céu.
(Antonin Artaud)





Armadilhas, teias, malas. As pessoas e os objectos. Como esses viajantes kantorianos. Bio-objectos e organismos. A pele e o voo. Uns dos outros. Nómadas — sem fim, sem casa e sem pátria. Artistas e outros ambulantes que atravessam a exposição. Neste teatro de situações, a arte é uma viagem cheia de pessoas incompreensíveis para os outros ou um estado da matéria, disse Kantor. Por vezes basta essa condição inferior. A objectualidade do conceito e a intensidade da realidade. Novas configurações, práticas espaciais sempre incompletas que tanto se desdobram em montanhas erráticas como fazem alastrar corpos abertos que se enunciam como flechas. A indeterminação que obscurece encontra na luz o perfeito duplo. Um golpe de teatro. O poder do jogo.



Objecto-matéria que incorpora a prática pictórica. Trajectos que se desenham entre memória pessoal e colectiva. O início e o fim. Os dias. A vida e a morte. A arte que acontece nesse espaço de transição. Em fluxo ­— transportar para uma coisa o nome da outra, assim definiu Aristóteles o lugar da metáfora que não é apenas relação mas também lugar e forma do pensamento. O tempo em lugares, vozes e usos sem narrativa histórica. Mecanismos e dispositivos flutuantes. Espelhos e imagens. Tantos nomes, tantas heteronímias. As línguas e o estado de guerra. A história convertida em palavras estrangeiras que nos devolvem o silêncio. Um exterior. Talvez um diário íntimo. Sem lugar fixo. A mãe. Os refugiados. Onde tudo se funde. O barco. O inferno ou uma promessa. A casa.


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— Texto escrito de acordo com a antiga ortografia


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