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O farol

exposição de Carlos Mensil
04.02.23 — 24.02.23 | ARTES
 







UM GUIA SIMPLES PARA O TRABALHO




1 — O aquário está fechado — é o guardião  do farol, o mecanismo que habitualmente orienta os que se perdem.



2 — O artista procura o rumo, um guia, o direito ao trabalho, as acções colectivas, as políticas e conquistas sociais. Integrando a superestrutura, determinado pelo modo de produção e pelo sistema económico, é crescente a sua dependência face às condições sociais de produção — o amor à arte” dos investidores e do poder financeiro. Relações mágicas.



3 — Disse Marx: “ Em que consiste então a alienação do trabalho? (…) o trabalho externo ao trabalhador, isto é, não pertence ao seu ser, (…) mas nega-se nele, não se sente bem, mas infeliz, não desenvolve nenhuma energia física e espiritual livre, mas mortifica a sua physis e arruína o seu espírito.”



4 — Capital e controle. Um processo aparentemente imparável dos fluxos.  Trabalho concreto e utilidade. A arte e a perda.



5 — O poder tranquilizador das miragens. O despudor. O luxo. A imagem da pobreza desperta — o olhar de aço para falar como Nietzche.



6 — Zero de orçamento e máximo de responsabilização para os artistas é o discurso curatorial de múltiplos proprietários de espaços expositivos. A mercantilização do trabalho e da prática artística dá lugar ao cinismo como reflexo geral da exploração. Reproduzir e conservar privilégios.



7 —  Cinco dias de trabalhoDias úteis. Sete  são os dias da semana. A oração. O valor e a medida.



8— Oito orientações para o trabalho, estratégicas como os mandamentos e perigosas como alguns faróis — os afundadores, depois de conduzirem as embarcações para o fundo do mar, alimentam-se do valor dos destroços. A esse produto abstracto chamamos lucro. Reinvestir. Faz-se ruído.







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— Texto escrito de acordo com a antiga ortografia


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